Wednesday, January 20, 2016

Ego
























Ego

Oh such silence! How I have longed for you.
My voice in command.
The music I want, the food I taste best.
Such unfriend ego of long gold hair or short black fur
How uncanny is your overtaking.
You come and show in the most spectacular loads of unreality.
I create you as I see you.
I only see what is in me.
Thus, I can never see you.

There is no you that is not me.

v.g

(Oh silêncio, como te procurei.
Minha voz no comando.
A música que eu quero, a comida que me apetece mais.
Esse ego não-amigo de cabelos longos e dourados ou curtos e pretos.
Quão assombrosa é sua dominação.
Você vem e se mostra nas mais espetaculares formas de irrealidade.
Eu te crio da forma como te vejo.
Só consigo ver o que há em mim.
Assim, nunca consigo te ver.

Não há nenhum você que não seja eu.)

Monday, November 9, 2015

Não


Não te quero! Nem a você, nem ao outro, nem àquele quarto ou quinto. São todos representações de amputações minhas. São todos símbolos de apontamentos de dedos na minha cara. Como poderia eu querer você?
Eu busco minha liberdade e não um calabouço com meu nome na porta. Busco uma companhia que me acompanhe, que seja ao mesmo tempo, em sinergia e luz. Alguém que não me peça concessões pois essas não são genuínas e não são verdadeiras. São julgamentos unilaterais e seletivos, onde se olha e não se vê, e ainda acima disso se esquece. Esquece-se que existem coisas a serem mudadas em você por você, mas acha-se que seu perdão de si próprio está em acusar o outro. Acontece que você e o outro que aqui sou eu, nós somos pano do mesmo tecido. Não existe acusação unilateral. Bem que você gostaria, certo? Eu também...
Vou ver a chuva...
Cada pingo de chuva é o mesmo pingo. Não se diferencia um do outro, é o mesmo pingo que repetidamente cai. É a mesma coisa igual e repetida, da mesma matéria, consistência e forma, cor e propriedade. Qualquer outra observação física te trará a mesma conclusão. A conclusão do tamanho da ilusão que se vê. Acredita-se que cada pingo é um pingo. Acredita-se que somos 2, e então que somos bilhões. Quão cegos conseguimos ser?
Falávamos sobre você, e sobre mim, e sobre o que iriamos ser se quiséssemos. Mas você não me quer. Você quer a ti e eu quero a Deus. Eu só queria que tudo isso já tivesse acabado e minha conexão com Ele já estivesse restabelecida. Assim eu não precisaria de você que sou eu, e não precisaria de mim pois eu já não seria incompleto. Seria um, cheio.
Eu vim aqui te dizer que sinto muito, mas não vou insistir.


v.g

Wednesday, July 30, 2014

Sinos, golfinhos e incenso


Eu escuto sinos quando penso em você.
São tão elegantes esses sinos!
Eu ouço golfinhos quando penso em você.
São tão gentis esses golfinhos!
Amanhã você se vai.
Leva teus sinos, teus golfinhos e abranda-te no porto.
Que seja toda luz sua vista nos portos de lá.
Eu aqui fico com a memória dos teus sinos e teus golfinhos.
Que inquietante é essa memória!

Nossas vidas conectadas pelo cheiro do incenso,
Nosso amor magnânimo petrificado.
Te amo, golfinho cheiroso e barulhento.
Apenas se lembre
Apenas se lembre
Que é o que é santo que existe
Nada mais
Prometa-me que se lembra
Daqueles momentos mais santos
Onde eu era você e você era você.
Prometa-me que se lembra
Dos dias de jardim, de vinhos e dos colchões.
A nossa lua.
Vá.
Serão anos de silêncio, até que então volte.
Serão cinco.
Em mim você fica.

Ah, se houvesse outro jeito...

(v.g)

Monday, May 12, 2014

Madness


O silêncio da noite nunca mais tinha sido tão profundo,
A dor em mim nunca mais tinha sido tão visceral.
Você me dilacerou em cento e sete pedaços de dor.
Sua traição é cheia de ruídos,
Gemidos,
Abre a porta, vai ao banheiro, pega algo, fecha a porta.
É gélida a tortura.
Chineses bem instruídos aprenderão com você.
A música ridícula de elevador não cobre as intenções,
Os corpos,
As intimidades expostas,
O meu nojo.
Eu grito e viro de ponta-cabeça,
Mas não me movo.
Me choro em cada centelha divina do meu corpo.
Não conseguirei dormir esta noite.

Logo ali está o desfalque: aquele era meu amor!
Eu te deu, te entreguei, te expus, te dediquei.
Você teve tudo, você teve um poema.
E nessa madrugada atormentada,
Meu corpo desaparece na inundação.
É frio como seu coração;
Úmido feito seu lençol;
Ridículo como sua traição e essa música infernal.

Não posso te perdoar,
Não posso me perdoar.
Não posso dormir.
Não posso dormir.
Amanhã te olharei com outros olhos:
Você está corrompido.
É sangue sujo, mentiroso e vulgar,
Meu querido, você é banal.
Você é babaca.
Você tem um péssimo gosto musical.

Friday, March 21, 2014

Bálsamo




O seu doce toque reduz minha ebulição a um ponto terno,
Sua presença divina alegra e acalma meu turbulento coração,
Seus passos pela casa deixam um rastro de luz,
Teu amor em mim encontra eco,
Tua gentil presença me faz sublime e me aquece,
Seus papos enriquecedores me preenchem e sua bondade me eleva.

O despir dos interesses revela uma cor mais intensa,
O conforto do fim do jogo, que encontrou dois ganhadores, me volta ao centro de minhas missões mais importantes,
A porta de saída já não tem mais utilidade, pois ficar é o que inatamente quero.

Seguro tua mão em minha mente e então nos deitamos à sombra de nossas árvores,
Seguro tua mão em minha mente e já posso dormir.

Teu abraço é bálsamo,
Tua voz é canção,
Teu sorriso é farol,
Teu olhos são vida.

Me pego surpreso e me entrego: não vou mais chorar!
Que partam daqui para longe as desconfianças que reduzem o volume de nossa mente criativa,
Que sumam as inconstâncias e o desespero da solidão,
Já não sigo sozinho, já não me deixo sumir,
Minha luz ganhou força e não mais se extinguirá,
Eu te amo.


v.g.


suggested sound:


Monday, September 2, 2013

Cinza esverdeado


É a onda do fim do dia, do relógio cansado.

Ah que saco de rotina que corre muito melhor do que eu. O dia é tão exaustivo como canto do mesmo passarinho que o anuncia. Pra onde vão os pássaros com tanto barulho que nós fazemos todos os dias? Eles já nem sabem mais.

O couro torcido do relógio que mencionei se mistura com o da pele que cansa e se desgasta. Morre a cada segundo, enquanto se alimenta do oxigênio ralo e poluído. É cinza! Mas as veias continuam verdes, bem verdes.

Corre nelas o sentir confuso. O ser que se perde o dia todo indo na direção que achou que deveria. E nunca chega, pois não há aonde se ir. Ir é sempre do lado de fora, enquanto dever-se-ia estar. Só estar.
Interrompido. Estou sempre inconstantemente me desdobrando. Metade pra cada lado e nada em lugar algum. Preciso sempre relembrar onde parei.


Alias, onde parei mesmo?

(v.g)

Wednesday, August 28, 2013

Inquieto



As tuas promessas matinais são como pequenos elefantes divinos que se apresentam em ouro. É um recomeço com passarinhos. Eu me sinto abastecido pela sua pouca necessidade de combustível. Minha vida roda e sempre volta na mesma volta. Se põe e promete. Aquela tal de promessa de floresta. De fertilidade, de colheita e de linhas de chegada.

A consciência de que tudo existe e resiste. A consciência de que quero estar presente, só para sentir. Quero tanto me deixar sentir, quero tanto me libertar dos emaranhamentos que me prendem.

Veja você que eu me ponho aqui, sentado para expressar o que sinto, e então realmente fazer o que eu quero. Libertar é expulsar! Esses momentos parecem tão intensos que quase me mato para conseguir extrair uma palavrinha que seja. A vida se desdobra, toda aqui em cima de nós. Pobres de nós.

É um barulho que vem de cima e se move por baixo, bipolar e ensurdecedor. Se pensar que comecei falando de você, passei pela Índia, mostrei minha rotina, desabafei meus pesares e agora volto a falar de você, acho que isso deve ser suficiente para mostrar que não sei onde chegar.

Ah, que perigo esse de sair seguindo. Que perigo esse de se aventurar!

Estou ali, e aqui, e meu Deus, eu queria só estar!
Deixa-me, eu acho que preciso dessa encarnação inteira só para poder estar.

(v.g)