Wednesday, July 30, 2014

Sinos, golfinhos e incenso


Eu escuto sinos quando penso em você.
São tão elegantes esses sinos!
Eu ouço golfinhos quando penso em você.
São tão gentis esses golfinhos!
Amanhã você se vai.
Leva teus sinos, teus golfinhos e abranda-te no porto.
Que seja toda luz sua vista nos portos de lá.
Eu aqui fico com a memória dos teus sinos e teus golfinhos.
Que inquietante é essa memória!

Nossas vidas conectadas pelo cheiro do incenso,
Nosso amor magnânimo petrificado.
Te amo, golfinho cheiroso e barulhento.
Apenas se lembre
Apenas se lembre
Que é o que é santo que existe
Nada mais
Prometa-me que se lembra
Daqueles momentos mais santos
Onde eu era você e você era você.
Prometa-me que se lembra
Dos dias de jardim, de vinhos e dos colchões.
A nossa lua.
Vá.
Serão anos de silêncio, até que então volte.
Serão cinco.
Em mim você fica.

Ah, se houvesse outro jeito...

(v.g)

Monday, May 12, 2014

Madness


O silêncio da noite nunca mais tinha sido tão profundo,
A dor em mim nunca mais tinha sido tão visceral.
Você me dilacerou em cento e sete pedaços de dor.
Sua traição é cheia de ruídos,
Gemidos,
Abre a porta, vai ao banheiro, pega algo, fecha a porta.
É gélida a tortura.
Chineses bem instruídos aprenderão com você.
A música ridícula de elevador não cobre as intenções,
Os corpos,
As intimidades expostas,
O meu nojo.
Eu grito e viro de ponta-cabeça,
Mas não me movo.
Me choro em cada centelha divina do meu corpo.
Não conseguirei dormir esta noite.

Logo ali está o desfalque: aquele era meu amor!
Eu te deu, te entreguei, te expus, te dediquei.
Você teve tudo, você teve um poema.
E nessa madrugada atormentada,
Meu corpo desaparece na inundação.
É frio como seu coração;
Úmido feito seu lençol;
Ridículo como sua traição e essa música infernal.

Não posso te perdoar,
Não posso me perdoar.
Não posso dormir.
Não posso dormir.
Amanhã te olharei com outros olhos:
Você está corrompido.
É sangue sujo, mentiroso e vulgar,
Meu querido, você é banal.
Você é babaca.
Você tem um péssimo gosto musical.

Friday, March 21, 2014

Bálsamo




O seu doce toque reduz minha ebulição a um ponto terno,
Sua presença divina alegra e acalma meu turbulento coração,
Seus passos pela casa deixam um rastro de luz,
Teu amor em mim encontra eco,
Tua gentil presença me faz sublime e me aquece,
Seus papos enriquecedores me preenchem e sua bondade me eleva.

O despir dos interesses revela uma cor mais intensa,
O conforto do fim do jogo, que encontrou dois ganhadores, me volta ao centro de minhas missões mais importantes,
A porta de saída já não tem mais utilidade, pois ficar é o que inatamente quero.

Seguro tua mão em minha mente e então nos deitamos à sombra de nossas árvores,
Seguro tua mão em minha mente e já posso dormir.

Teu abraço é bálsamo,
Tua voz é canção,
Teu sorriso é farol,
Teu olhos são vida.

Me pego surpreso e me entrego: não vou mais chorar!
Que partam daqui para longe as desconfianças que reduzem o volume de nossa mente criativa,
Que sumam as inconstâncias e o desespero da solidão,
Já não sigo sozinho, já não me deixo sumir,
Minha luz ganhou força e não mais se extinguirá,
Eu te amo.


v.g.


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