Não te quero! Nem a você, nem ao
outro, nem àquele quarto ou quinto. São todos representações de amputações
minhas. São todos símbolos de apontamentos de dedos na minha cara. Como poderia
eu querer você?
Eu busco minha liberdade e não um
calabouço com meu nome na porta. Busco uma companhia que me acompanhe, que seja
ao mesmo tempo, em sinergia e luz. Alguém que não me peça concessões pois essas
não são genuínas e não são verdadeiras. São julgamentos unilaterais e
seletivos, onde se olha e não se vê, e ainda acima disso se esquece. Esquece-se
que existem coisas a serem mudadas em você por você, mas acha-se que seu perdão
de si próprio está em acusar o outro. Acontece que você e o outro que aqui sou
eu, nós somos pano do mesmo tecido. Não existe acusação unilateral. Bem que
você gostaria, certo? Eu também...
Vou ver a chuva...
Cada pingo de chuva é o mesmo
pingo. Não se diferencia um do outro, é o mesmo pingo que repetidamente cai. É
a mesma coisa igual e repetida, da mesma matéria, consistência e forma, cor e
propriedade. Qualquer outra observação física te trará a mesma conclusão. A
conclusão do tamanho da ilusão que se vê. Acredita-se que cada pingo é um
pingo. Acredita-se que somos 2, e então que somos bilhões. Quão cegos
conseguimos ser?
Falávamos sobre você, e sobre
mim, e sobre o que iriamos ser se quiséssemos. Mas você não me quer. Você quer
a ti e eu quero a Deus. Eu só queria que tudo isso já tivesse acabado e minha
conexão com Ele já estivesse restabelecida. Assim eu não precisaria de você que
sou eu, e não precisaria de mim pois eu já não seria incompleto. Seria um,
cheio.
Eu vim aqui te dizer que sinto
muito, mas não vou insistir.
v.g