As tuas promessas matinais são como pequenos elefantes divinos
que se apresentam em ouro. É um recomeço com passarinhos. Eu me sinto
abastecido pela sua pouca necessidade de combustível. Minha vida roda e sempre
volta na mesma volta. Se põe e promete. Aquela tal de promessa de floresta. De
fertilidade, de colheita e de linhas de chegada.
A consciência de que tudo existe e resiste. A consciência de
que quero estar presente, só para sentir. Quero tanto me deixar sentir, quero
tanto me libertar dos emaranhamentos que me prendem.
Veja você que eu me ponho aqui, sentado para expressar o que
sinto, e então realmente fazer o que eu quero. Libertar é expulsar! Esses
momentos parecem tão intensos que quase me mato para conseguir extrair uma
palavrinha que seja. A vida se desdobra, toda aqui em cima de nós. Pobres de
nós.
É um barulho que vem de cima e se move por baixo, bipolar e ensurdecedor.
Se pensar que comecei falando de você, passei pela Índia, mostrei minha rotina,
desabafei meus pesares e agora volto a falar de você, acho que isso deve ser
suficiente para mostrar que não sei onde chegar.
Ah, que perigo esse de sair seguindo. Que perigo esse de se
aventurar!
Estou ali, e aqui, e meu Deus, eu queria só estar!
Deixa-me, eu acho que preciso dessa encarnação
inteira só para poder estar.(v.g)